Depois de construírem coroas dentais na cavidade abdominal de ratos, em 2004, pesquisadores da Unifesp, da Tufts University e do Massachusetts General Hospital (USA) venceram mais uma etapa da pesquisa que revela ser possível desenvolver implantes naturais em mandíbulas de ratos.
No estudo atual, que foi a última etapa considerada experimental com células de animais, formaram-se tecidos dentários como dentina, esmalte e polpa, além dos responsáveis pelas estruturas de sustentação do dente, conhecido como ligamento periodontal. Os resultados permitem que uma nova fase da pesquisa de regeneração dentária se inicie, com a utilização de células-tronco adultas humanas.
De acordo com os pesquisadores da Unifesp, Silvio Duailibi, que é professor afiliado e orientador da disciplina de Cirurgia Plástica, e Mônica Duailibi, professora pesquisadora e co-orientadora da mesma disciplina, essa é a primeira prova científica de que a mandíbula possui irrigação sanguínea suficiente para nutrir as células-tronco implantadas e, assim, formar o dente biológico. “Em todos os outros estudos foram utilizados o omentun, membrana extremamente irrigada de vasos sanguíneos e que reveste todas as vísceras de mamíferos”, explica Mônica. “O próximo passo será utilizar células-tronco humanas em animais sem imunidade e estudar como desenvolver a forma e a posição correta para que se obtenha uma erupção tal qual o dente natural”.
Para Lydia Masako Ferreira, chefe do Departamento de Cirurgia e coordenadora do Programa de Pós-graduação da disciplina de Cirurgia Plástica da Unifesp, esse é um projeto de integração internacional de extrema importância para a área da saúde. “Esta parceria mostra a credibilidade do projeto e dos pesquisadores brasileiros envolvidos”, afirma.
Metodologia
Para a construção dos tecidos dentários no rato por meio da técnica de Engenharia Tecidual, os cientistas utilizaram métodos similares empregados previamente. Em ambos os ensaios experimentais, os pesquisadores “semearam” células obtidas de dentes imaturos de animais sobre um arcabouço de polímero biodegradável. Os arcabouços, que anteriormente haviam sido implantados no abdômen dos ratos hospedeiros, foram, agora, implantados na mandíbula.
Em ambas as abordagens experimentais, os cientistas utilizaram células-tronco dentárias “adultas” que permitiram somente o aumento do tecido dentário. Eles não utilizaram células-tronco embrionárias.
O objetivo dos cientistas é desenvolver métodos para a regeneração parcial ou total do dente humano pelo crescimento na mandíbula de um novo dente proveniente de suas próprias células.
Atualmente, os cientistas já verificam a possibilidade do crescimento de um novo dente na mandíbula com tecido dentário humano e os dados parciais desse estudo foram apresentados na reunião da Associação Internacional de Pesquisadores em Odontologia (IADR), em Toronto, Canadá, que aconteceu entre os dias 2 e 5 de julho.
Além dos pesquisadores Monica e Silvio Duailibi, os membros desta equipe incluem Pámela Yelick, professora do Departamento de Patologia Maxilofacial da Escola de Medicina Dental da Tufts University, e Joseph P. Vacanti, diretor de Transplantes Pediátricos e do Laboratório de Engenharia Tecidual e Fabricação de Órgãos do Massachusetts General Hospital, em Boston, EUA.
As pesquisas receberam financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos EUA.
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